Nascido do Crime, Trevor Noah, Editora Verus, é uma daquelas leituras que é um soco bem no meio do estômago. Fiquei sem ar em vários momentos. Trevor Noah soube dosar os relatos de extrema violência com outros de leveza, como o primeiro beijos, por exemplo, sempre com um tom bem-humorado.
Ah, sei tão pouco sobre outras vivências, outras culturas, os problemas de outros povos. Anseio por mais livros dos países africano.
Nascido do crime é uma autobiografia. O autor, Trevor Noah, é um comediante sul-africano da Tv americana, que nasceu nos anos finais do Apartheid. Em termo gerais, Aparthaid foi um regime de segregação racial implementado na África do Sul, entre 1948 e 1994.
Basicamente os negros viviam para servir aos brancos, mas tinham que se manter isolados. Não podiam se relacionar entre si. Claro, as coisas eram mais complicadas do que isso. O livro traz muito mais sobre essas questões, numa linguagem acessível.
Trevor Noah é fruto do crime, segundo a tal lei, filho de uma mulher negra com um branco. Essa história é, então, um relato da infância à juventude do comediante. Ao longo do livro, a gente vai conhecendo muito mais da África do Sul negra, do quanto o apartheid foi violento de muitas e muitas formas.
“Na África do Sul, as atrocidades do apartheid nunca foram ensinadas dessa forma. Não aprendemos sobre reprovação ou vergonha. A história nos foi passada de forma como é feita nos Estados Unidos. Lá a história do racismo é ensinada assim: “Primeiro foi a escravidão, depois veio a segregação, depois Martin Luther King Jr. e agora não tem mais racismo”. O mesmo aconteceu conosco. “O apartheid foi ruim. Libertaram Nelson Mandela. Agora, vamos em frente.” Apenas fatos, mas não muitos, e sem dimensão emocional ou moral.
Trevor era considerada um criança, assim como tantas outras como ele, nem branca e nem negra. Ele vivia à margem, nem era aceitos pelos negros e nem pelos brancos. Com bom humor, ele narra como, primeiro a mãe driblou as autoridades, escondendo uma criança de pele clara, depois como ele próprio driblou as diversidade de convivências com brancos e negros.
Mas há ainda relatos de outros tipos de violência. A mãe de Trevor é o que chamamos de lutadora, guerreira, além de muito religiosa, mas isso não a impediu de entrar numa relação abusiva, com o padrasto de Trevor. Essa é uma parte que se destaca porque ele é filho amoroso e muito agradecido por tudo que a mãe fez por ele. A gente consegue sentir esse amor por todo o livro.
Por fim, quero falar de uma violência que incomodou. Os relatos das surras que a mãe dava em Trevor me deixaram extremamente tensa. Essa parte ele justifica falando que era uma criança muito travessa e por isso merecia as surras, mas isso não me impediu de me sentir mal.
Nascido do crime é uma leitura que vale muito a pena. Eu confesso que não gosto muito do gênero biografia ou autobiografia porque eu sempre acho que há uma enfeitada nos relatos, mas talvez isso, afinal, faça parte.
Comprei o pdf da Coraline, quero saber se está ok, e quero que me envie por email, pois tenho encomenda